Florbela Espanca, poetisa portuguesa, nasceu em Vila Viçosa, a 8 de dezembro de 1894, e faleceu em Matosinhos, a 8 de dezembro de 1930, com apenas trinta e seis anos. A sua curta vida foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que se refletem na sua poesia da mais alta qualidade.
Hoje, data do seu nascimento e morte, a melhor homenagem que se lhe pode fazer é ler a sua obra.
Eu
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida! ...
Sou aquela que passa e ninguém vê ...
Sou a que chamam triste sem o ser ...
Sou a que chora sem saber porquê ...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
Florbela Espanca, in Livro de Mágoas
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