A literatura ficou mais pobre com a morte da escritora Luísa Dacosta, aos 88 anos, no passado domingo. Professora e autora de vasta obra para crianças, de espírito irrequieto e de extrema sensibilidade, lutou contra a censura de forma muito crítica: "Hoje, para qualquer pessoa, é muito difícil escrever. Há bastantes censuras. Antes, havia uma e tinha nome. Cortavam-nos um artigo no "Comércio do Porto", mas tínhamos a "Vértice" ou a "Seara Nova". Havia maneiras de furar um pouco. Não estou, de maneira nenhuma, a defender a outra censura. O problema é que hoje há censuras económicas, censuras políticas, censuras partidárias, "lobbys" de interesses. Pertenci ao Conselho de Imprensa. Fiz dois mandatos. Deixei lá escrito que tinha lutado muito contra a censura de Oliveira Salazar, mas era uma. Logo a seguir ao 25 de Abril houve também muitas censuras nos jornais. Nesse aspecto, estou de acordo com Voltaire. Entre a censura de muitos e a censura de um, prefiro a censura de um. Apesar de tudo é mais fácil de furar.
in A-Ver-o-Mar : crónicas Figueirinhas, 1980. (p. 139-140)
Imagens partilhadas no Facebook, a pedido do seu neto Rui Sampaio, "no sentido de comunicar a "Palavra" na sua riqueza e cambiantes..."
Obras de Luísa Dacosta nas BE do concelho de Santa Maria da Feira (consultar catálogo concelhio)
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